Fim do Senado: condescendência com as outras câmaras
Parafraseando Édson Arantes do Nascimento, o Pelé, e recentemente Arnaldo Jabor, "o brasileiro não sabe votar". Eu acredito, complementando o pensamento dos dois autores, que o brasileiro ainda não sabe votar (eu ainda estou aprendendo). E pelo visto, ao introduzir a idéia de fim do Senado, também tem sérias dificuldades de julgar de forma justa e coerente. Então vejamos.
Por que propor o fim do Senado? Por causa do Renan Calheiros e da complascência de seus colegas de Senado? Por causa da corrupção? Então digam quantos dos mensaleiros foram absolvidos na Câmara de Deputados? Precisou do STF revisar o mensalão para o assunto ser relembrado, pois já havia caído em esquecimento. Embora a maioria dos deputados serem do próprio PT, Roberto Jefferson, do PTB, até hoje é ovacionado e elogiado por suas atitudes. Ora bolas, mas este é tão corrupto quanto os demais ou até pior do que alguns, pois até hoje não se sabe o paradeiro dos R$ 4 milhões que ele diz ter dado ao tesoureiro de seu partido. Então, qual é a saída? Acabar também com a Câmara de Deputados?
O que mais me amedronta é a busca de saídas extremas para resolver problemas políticos. Em 1964, após anos e anos de mobilização, os militares tomaram o poder apoiados por membros ilustres da elite brasileira (principalmente empresários). Além da preocupação destas classes com o avanço do comunismo no país, isso se deveu ao imobilismo de Goulart, mas principalmente na heterogeneidade de classes e partidos sustentando posições inconciliáveis, dificultando obter apoio e legitimidade para se sustentar na presidência. Até denúncias de corrupção ele e Brizola receberam dos militares, o que nunca foi comprovado, mas serviu para desestabilizar ainda mais o governo de Jango.
A classe empresarial seguiu apoiando fielmente o regime militar até final dos anos 70, quando esta passou a crer que Geisel havia promovido uma "estatização" excessiva da economia nacional, contrariando os interesses do empresariado.
Vejam o seguinte: o contexto atual, de imobilismo do presidente, de caos político, não difere tanto do período pré-1964. Os governos de Jango e Lula têm muito em comum, com a diferença é que o primeiro não resistiu. Mas a dificuldade de articulação e sustentação política de ambos é bem semelhante, ainda que Lula tenha logrado uma base aliada maior ao abdicar de muitas de suas bandeiras.
Para quem não lembra ou nunca ouviu falar, o Senado e as outras câmaras eram entre 1964 e 1978 compostas de indicados pelos militares. A "ordem" social foi obtida naquele período. Mas a liberdade de expressão e a participação da sociedade nas decisões políticas eram direitos dos quais os civis não podiam gozar.
Portanto, acho que propor a extinção do Senado deve ser balizada não na conjuntura de incredibilidade por causa dos eventos recentes de corrupção, mas sim em aspectos técnicos pertinentes para que melhore a política no país. Existem países que não tem o Senado, mas também não são constituídos de tantas federações, como é também os EUA. Talvez aprimorar o Senado, ainda presente de elementos do modo de funcionamento da época da ditadura, seja a melhor solução. Mas ser condescendente com a Câmara de Deputados, as Assembléias Legislativas e as Câmaras Municipais de Vereadoras, que são os "embriões" de politicos corruptos, definitivamente não é uma atitude correta e adequada para o momento. Vale lembrar que o Senado foi muito importante para o fim da ditadura. Propor a extinção de instituições pode ser a abertura de uma brecha o suficiente para renascer esta Fênix, o que eu não quero experimentar. Prefiro insistir na democracia, aprimorando-a, qualificando os meus critérios de definição de voto.
Quem tiver notícia de um estudo técnico (robusto e qualificado) que demonstre ser o fim do Senado a melhor solução para o país, poste aqui.
3 Comentários:
...a questão não é saber votar ou não saber votar...that´s not the question...mas sim saber pensar...este país é em sua grande maioria um país de ignorantes analfabetos. Ninguém sabe quem é Mahmoud Ahmadinejad, ninguém sabe o que está acontecendo hoje em Myanmar, ninguém sabe que é Gordon Brown...e querendo ou não, não defendo ninguém...querendo ou não Ahmadinejad é um dos, se não o maior e mais perigosa pessoa, junto com Bush no planeta terra. Estamos a beira de uma guerra civíl em Myanmar e o G. Brown, porra o cara é o cara que tem cara de panaca e que não encara o Bush.
ISSO É O QUE IMPORTA, estes problemas afetam toda forma de vida no planeta terra. Não a porra de Renan. Who da fuck´s Renan. Porra...olha o nome do coitado.
OPEN YOUR EYES PEOPLE
Brasil no tiene tanta importância en el Mundo...
...mucho menos Uruguay...
where da fuck´s Uruguay?
PANCHO CAPPELETTI
(11) 3275 0645
não acredito que a extinção de senado seja a solução para os problemas políticos brasileiros. mas uma nova forma de distribuição de mandatos entre os parlamentares é impressindível.
Deveríamos ter 2 ou 3 deputados por estado e 1 senador por estado. A maioria dos brasileiros nem ao menos sabe em quem votou nas últimas eleições. Com um número mais enxuto de parlamentares diminuiria a barganha política que corrompe o sistema. E mais: poderíamos ter assessores de carreira para desenvolvimento de projetos na câmara e no senado, especialistas que se preocupassem com a qualidade da gestão em nosso país, com o desenvolvimento econômico e social.
E, claro, seria excelente se nossos representantes só pudessem ser eleitos se não tivessem nenhum processo contra eles. Isso traria uma nova visão de ética ao nosso país, cada vez mais carente de referenciais. Não suportamos mais o discurso de que "nós roubamos menos, nós somos menos desonestos". Não. Isso não é ética. Isso é uma vergonha que desacredita os brasileiros, que corrompe nossa juventude com idéias distorcidas do que é o correto e que nos traz a certeza que o futuro será muito pior do que este presente conturbado.
Se depois da tormenta vem a calmaria, o que virá depois deste tsunami de corrupção e canalhice que se tornou o corpo político deste país?
Acho que as sugestões do Alex merecem ser estudadas e, quiçá, implementadas.
Quanto à falta de ética, se me permitem complementar, infelizmente não é restrita aos nossos representantes, mas sim a uma grande parte dos eleitores de nosso país.
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