domingo, junho 07, 2009

Alta Fidelidade e a natureza dos homens

Revi o filme Alta Fidelidade, de Stephen Frears, baseado em livro de Nick Hornby (de mesmo nome). Além das atuações impagáveis de John Cusack e Jack Black, o filme conta com uma ótima trilha sonora e um roteiro muito bem adaptado. A listas de Top Five de músicas de acordo com cada situação cotidiana é uma marca do filme, sendo grande sacada de Hornby.
Bom, mas o que me interessa comentar a respeito do filme são os insights que tive ao revê-lo. O personagem principal, Rob Gordon, tem uma loja de discos de vinil, com baixo faturamento e poucas vendas. Mesmo assim, ele não se arrepende de não ter estudado arquitetura ou feito outra coisa. Assim como ele é fiel aos seus sentimentos em relação a sua ex-namorada, que o troca pelo vizinho de cima. Um tanto adolescente o comportamento de Rob, mas ao mesmo tempo parece que ele aceita suas limitações em termos de inteligência e estima. E com o passar do filme, passa a ficar cada vez mais maduro.
O insight principal é que a "alta fidelidade" deve ser a quem nós somos, ao que sentimos, ao que procuramos e queremos. E só com isso podemos ser fiéis aos outros, não no sentido sexual da palavra, mas transparecer ao outro quem somos e o que queremos. Coisas que mudam inclusive durante uma relação. E quem realmente gosta da gente saberá ter paciência ou aceitará que somos mutantes, assim como aqueles com quem nos relacionamos. E também temos que aceitar, queiramos ou não, que os sentimentos dos outros em relação a nós findam ou diminuem, por um tempo ou pra sempre.
Não há de fato um comportamento certo, nem teleológico das pessoas. A incerteza do mundo faz com que possamos retroceder, piorar, tomar uma decisão equivocada e voltar atrás. Podemos voltar atrás, mas ser tarde demais. Ou não. Mas tudo é incerto. Por isso, só existe o momento presente e nada mais. Como diria Fernando Pessoa, "o futuro não conheço. O passado, já não o tenho". Não há um apriorismo nas coisas, nos fatos. Só vivenciando é que se entende isso. Não existem padrões, regras. C´est La Vie. Essa é a natureza dos homens e de nossa sociedade.

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