Christian Velloso

O fim de um mito comunista

Já aviso de antemão que não sou adepto ao comunismo. Talvez teoricamente me simpatize, pelos seus ideiais, mas creio que nunca foi bem aplicado. Os erros cometidos pelos países que optaram por este sistema estão marcados na história, podem ser tratados em aguns livros e artigos de Eric Hobsbawn e Noam Chomsky (dois esquerdistas), ou ainda, em obras de ficção, como "1984" e "Revolução dos Bichos", de George Orwell, como também no filme pouco conhecido de Krysztof Kieslowski, "A Cicatriz" (ver sobre o filme neste link http://www2.uol.com.br/mostra/21/portug/filmes/cicatriz-p.htm). Uma das características que eu menos aprecio em sistemas centralizadores é o excesso de burocracia, que atinge inclusive países democráticos (caso do Brasil), mas que são ainda mais intensos nestes sistemas.
O capitalismo também ainda precisa ser melhor implementado, entretanto, devido a sua disseminação em um maior número de países (cujas razões não cabem neste mero artigo), teve mais oportunidades de obter melhores resultados e maior aceitação.
Mas a questão que importa é, agora, com a entrega do poder por Fidel Castro, o que será do comunismo no mundo? Ou, pelo menos, como será Cuba após a saída do seu maior líder? A Zero Hora de ontem traçou alguns dos possíveis cenários (http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default2.jsp?uf=1&local=1&source=a1771700.xml&template=3898.dwt&edition=9330&section=807). Destes, creio que o último - a persistência do comunismo - seja o mais provável. Não somente porque o perfil dos seus possíveis sucessores sejam todos castristas (principalmente o irmão, mesmo que em caráter transitório), mas também por causa da manutenção do embargo econômico pelos EUA. A redemocratização sem interferência deste país, após 49 anos de ditadura em Cuba que sacramentou a formação de uma oposição ao regime, parece-me a mais improvável das alternativas. Basta ver o caso recente do Iraque. Obviamente, torço para que o modelo de redemocratização implementado pelos EUA no Iraque não seja novamente tentado em Cuba. Tenho pavor de morte e mutilação em massa causada em civis desprotegidos, como ocorrera também no Afeganistão.
Assim, o futuro de Cuba é uma incógnita, mas uma certeza se pode ter: o dia 14 de fevereiro de 2008 será marcado pela história. Quando Fukuyama pregava o "Fim da História" (ele mesmo se desmentiu em 1998), creio que o seu fim estava começando lá em 1989 e possa a vir a encerrar quase vinte anos depois.

postado por Christian Velloso @ 7:31 AM