quarta-feira, julho 21, 2010

É permitido proibir

Me considero solidário aos direitos humanos. Até daqueles que cometeram atos ilegais, condenáveis pela justiça e reprováveis pela maioria. Penso que os direitos são de todos. Não importa sua idade, cor, sexo, preferência sexual, credo, escolaridade, condição financeira ou se tem ou não antecedentes criminais. Temos nossos direitos. E deveres.

Atualmente, tem sido nosso dever evitar a discriminação e o assédio numa intensidade e abrangência jamais vista. Hoje, as mulheres concorrem a cargos antes ocupados majoritariamente por homens, como na política ou nas empresas. Vemos com mais freqüência executivas, prefeitas, governadoras e, pela primeira vez, temos duas candidatas com grandes chances de ocupar a presidência (estão entre as três maiores intenções de voto). Se são assediadas sexualmente ou moralmente, têm o direito de por na justiça aquele que le molesta. Hoje, os negros têm mais direitos, com cotas em instituições de ensino superior e vagas reservadas em concursos públicos. Hoje, os homossexuais não podem ser ofendidos ou alvo de preconceito, e podem constituir matrimônio e adotar crianças. Hoje, os idosos recebem mais proteção contra maus tratos, sejam verbais ou físicos. E os mesmos direitos foram repassados aos menores de idade. Nem palmada na bunda é tolerada mais. Não significa que todos estes direitos sejam suficientes. Nem que estejam sendo respeitados a contento. Mas, hoje, são em maior quantidade e qualidade que em outros tempos.

É importante frisar a palavra “hoje”. Porque no passado não era assim. Infelizmente. Ainda somos desiguais, mas mais perto da igualdade. Uma mulher negra ganha, em média, menores salários. Mas isto tem paulatinamente mudado. Aliás, tem que mudar. Porque, hoje, estamos permitindo proibir. Na época da ditadura, éramos coagidos a aceitar proibições, ordens que vinham de cima para baixo. Arriscávamos nossa vida ou integridade física se não as cumpríssemos. Hoje, é o contrário. Aceitamos proibições que vêm da base da sociedade. O Estado apenas as aplica e transforma em lei e regras. Por isso que o título da canção da Tropicália, hoje, não faz o mesmo sentido. Esperamos que siga assim amanhã. Esperamos um amanhã melhor.