terça-feira, setembro 25, 2007

Fim do Senado: condescendência com as outras câmaras

Parafraseando Édson Arantes do Nascimento, o Pelé, e recentemente Arnaldo Jabor, "o brasileiro não sabe votar". Eu acredito, complementando o pensamento dos dois autores, que o brasileiro ainda não sabe votar (eu ainda estou aprendendo). E pelo visto, ao introduzir a idéia de fim do Senado, também tem sérias dificuldades de julgar de forma justa e coerente. Então vejamos.
Por que propor o fim do Senado? Por causa do Renan Calheiros e da complascência de seus colegas de Senado? Por causa da corrupção? Então digam quantos dos mensaleiros foram absolvidos na Câmara de Deputados? Precisou do STF revisar o mensalão para o assunto ser relembrado, pois já havia caído em esquecimento. Embora a maioria dos deputados serem do próprio PT, Roberto Jefferson, do PTB, até hoje é ovacionado e elogiado por suas atitudes. Ora bolas, mas este é tão corrupto quanto os demais ou até pior do que alguns, pois até hoje não se sabe o paradeiro dos R$ 4 milhões que ele diz ter dado ao tesoureiro de seu partido. Então, qual é a saída? Acabar também com a Câmara de Deputados?
O que mais me amedronta é a busca de saídas extremas para resolver problemas políticos. Em 1964, após anos e anos de mobilização, os militares tomaram o poder apoiados por membros ilustres da elite brasileira (principalmente empresários). Além da preocupação destas classes com o avanço do comunismo no país, isso se deveu ao imobilismo de Goulart, mas principalmente na heterogeneidade de classes e partidos sustentando posições inconciliáveis, dificultando obter apoio e legitimidade para se sustentar na presidência. Até denúncias de corrupção ele e Brizola receberam dos militares, o que nunca foi comprovado, mas serviu para desestabilizar ainda mais o governo de Jango.
A classe empresarial seguiu apoiando fielmente o regime militar até final dos anos 70, quando esta passou a crer que Geisel havia promovido uma "estatização" excessiva da economia nacional, contrariando os interesses do empresariado.
Vejam o seguinte: o contexto atual, de imobilismo do presidente, de caos político, não difere tanto do período pré-1964. Os governos de Jango e Lula têm muito em comum, com a diferença é que o primeiro não resistiu. Mas a dificuldade de articulação e sustentação política de ambos é bem semelhante, ainda que Lula tenha logrado uma base aliada maior ao abdicar de muitas de suas bandeiras.
Para quem não lembra ou nunca ouviu falar, o Senado e as outras câmaras eram entre 1964 e 1978 compostas de indicados pelos militares. A "ordem" social foi obtida naquele período. Mas a liberdade de expressão e a participação da sociedade nas decisões políticas eram direitos dos quais os civis não podiam gozar.
Portanto, acho que propor a extinção do Senado deve ser balizada não na conjuntura de incredibilidade por causa dos eventos recentes de corrupção, mas sim em aspectos técnicos pertinentes para que melhore a política no país. Existem países que não tem o Senado, mas também não são constituídos de tantas federações, como é também os EUA. Talvez aprimorar o Senado, ainda presente de elementos do modo de funcionamento da época da ditadura, seja a melhor solução. Mas ser condescendente com a Câmara de Deputados, as Assembléias Legislativas e as Câmaras Municipais de Vereadoras, que são os "embriões" de politicos corruptos, definitivamente não é uma atitude correta e adequada para o momento. Vale lembrar que o Senado foi muito importante para o fim da ditadura. Propor a extinção de instituições pode ser a abertura de uma brecha o suficiente para renascer esta Fênix, o que eu não quero experimentar. Prefiro insistir na democracia, aprimorando-a, qualificando os meus critérios de definição de voto.
Quem tiver notícia de um estudo técnico (robusto e qualificado) que demonstre ser o fim do Senado a melhor solução para o país, poste aqui.

Aquecimento global: moda ou prioridade?

É incrível como desde que foi lançado o documentário de Al Gore, "Uma Verdade Inconveniente", o termo "aquecimento global" tem aparecido constantemente, ora na mídia, ora em estudos científicos.
Segundo uma pesquisa realizada pela BBC, noticiada ontem pela Agência EFE, 79% dos entrevistados crêem que a responsabilidade maior pelos problemas ambientais recai sobre o homem. Cerca de 73% acreditam serem necessárias medidas de contenção na emissão de gases poluentes, por intermédio de um acordo internacional. A pesquisa foi realizada em 21 países (mais detalhes ver na matéria http://br.noticias.yahoo.com/s/25092007/40/saude-maioria-da-popula-mundial-culpa-homem-pela-mudan-climatica.html).
A questão é a seguinte: será o aquecimento global um tema da moda ou se trata de uma real preocupação da sociedade internacional? Há quinze anos, quando houve o evento ECO-1992 no Rio de Janeiro, surgiu uma onda de conscientização a respeito da depredação do meio ambiente, refletida em matérias na mídia, trabalhos acadêmicos e até na introdução deste assunto na pauta das conversas cotidianas entre as pessoas. Porém, esta onda foi praticamente uma "marola", pois pouco se fez até então.
Não obstante, este evento foi extremamente importante para a instituição do Protocolo de Quioto, no Japão, em 1997 (5 anos depois). Este protocolo entrou em vigor em fevereiro de 2005 (7 anos depois da abertura para assinaturas em março de 1998).
O documentário de Al Gore é de final de 2006 e o que mais impressiona, além de ter sido fruto do trabalho de contínuas palestras proferidas por um ex-vice-presidente dos EUA (um dos poucos que não assinou o Protocolo de Quioto), é a sua repercussão em igual nível (quiçá até superior) da ECO-92 ou do Protocolo.
Eu creio que desde 2005, o meio ambiente tem sido retratado em consonância com a sua real importância, todavia, suspeito da efemeridade das ações em prol do mesmo. Não é só a Amazônia que está a perigo e creio que aqueles políticos que tiverem projetos e dedicação a esse tema, devam ser os nossos prediletos em todas as eleições que seguirem. Pois daqui há um tempo difícil de precisar, pode ser que tratemos do meio ambiente não por modismo, mas sim por pura necessidade. Inclusive, podemos ser obrigados a mudar inclusive de sistema econômico, que ao invés de priorizar o social ou o capital (lucro), dará única prioridade à questão ambiental.

domingo, setembro 16, 2007

Diagrama do Renan


Acho que enquanto o Renan "Canalheiros" não for deposto, blogs, e-mails e a mídia em geral não sossegarão. Vejam este diagrama que, no final das contas, traz-nos a responsabilidade que temos na eleição daqueles que escolhemos como nossos representantes, mas os esquecemos como se somente ao votar estivéssemos fazendo a nossa parte. Não obstante eu, talvez você, não seja de Alagoas e, portanto, não votei nesse cabra. E mesmo se fosse de lá, não votaria de jeito nenhum.


Peter, Bjorn and John

Pra quem curte indie rock, Peter, Bjorn and John é muito bom. Nesta música, só tem bateria, baixo e um teclado de fundo. Ao vivo, nem teclado tem. E consegue ser ótimo!!! As bandas de indie rock têm surpreendido com essas formações inconvencionais (ex: White Stripes, Yeah Yeah Yeahs, que não têm baixo). Essa música, segundo o meu amigo Roni, que mora em Portugal, tem feito sucesso por aquelas bandas. Vale a pena ouvir e ver o clipe.

http://www.youtube.com/watch?v=51V1VMkuyx0

sábado, setembro 15, 2007

Mais do caso Renan

Quem quer ler uma análise detalhada sobre o nosso momento político atual, sugiro a leitura do blog de Ilimar Franco, que redigiu um texto bem interessante.

http://oglobo.globo.com/blogs/ilimar/post.asp?cod_Post=73365&a=17

sexta-feira, setembro 14, 2007

A experiência

Se você quer ver um filme de conteúdo, uma boa história, veja "A Experiência", de Oliver Hirschbiegel (2001). Não confunda com o homônimo, de 1995. Este filme é alemão, cujo ator principal é Moritz Bleibtreu (Corra Lola Corra). A sinopse é a seguinte:
Cientistas recrutam 20 pessoas, em sua maioria em situação financeira precária, para uma experiência psicológica em que receberão um bom dinheiro após a sua conclusão. Para tanto, precisarão serem aprisionados num local semelhante a uma presídio, mas apenas com celas. Eles são separados em dois grupos, em que 8 fazem o papel de guardas e os outros 12, de internos. Nesta área, é preciso que sejam cumpridas algumas regras, a serem obedecidas e sustentadas pelos guardas.
De começo, o clima é descontraído, como se todos estivessem participando apenas de um jogo. Mas quando os guardas sentem que se torna cada vez mais difícil serem respeitados e que as regras sejam cumpridas pelos presos, o comportamento dos guardas se torna gradualmente mais agressivo. A situação piora quando um dos presos morre e os guardas abusam do poder que lhe és conferido.

Pode ser a gota d'águá

Gota d'água
Chico Buarque - 1975

"Já lhe dei meu corpo, minha alegria
Já estanquei meu sangue quando fervia
Olha a voz que me resta
Olha a veia que salta
Olha a gota que falta
Pro desfecho da festa
Por favor

Deixe em paz meu coração
Que ele é um pote até aqui de mágoa
E qualquer desatenção, faça não
Pode ser a gota d'água"

A absolvição de Renan Calheiros trouxe a tona um misto de indignação com impotência. Um grito de "DEU" cala em nossa garganta. Clamamos para que um de nós - mas nunca nós mesmos - iniciemos uma passeata, um abaixo assinado sequer. Mas o que melhor fazemos é mandar e-mails, escrever em blogs e comunidades do Orkut.
Nós, meros expectadores, estávamos torcendo (e ainda torcemos) para que seja feita justiça, que um corrupto acusado de depositar uma pensão do valor de seu salário na conta de sua ex-mulher, de favorecer as dívidas com o INSS da Schincariol, de vender gado a preço de ouro, de organizar um sistema de propinas em ministérios do seu partido, o PMDB.
Mas o que senadores e políticos da situação e oposição se preocupavam? Com o mesmo? ERRADO!! As preocupações deles eram duas:
1) Quem ficaria com a presidência do Senado? Ainda seria o PMDB, por possuir a maioria, mas como este partido está cindido, seria alguém afinado com o governo ou com a oposição?
2) Será que Renan Calheiros sairia calado, sem contar tudo o que sabe e levar mais alguns outros consigo?
Ou seja, a justiça estava em segundo plano. O jogo político serve apenas para manter o poder, como se fosse um fim e não um meio.
Você cansou dessa politicagem? Eu também, mas não me cansei da política. O que falta em nosso país, no presente momento, é participação política. O copo está transbordando. Pois a gota d'água já caiu. O que se pode fazer agora? Sugiro o seguinte.
1) Se delegamos aos políticos que cuidem de nossos interesses, precisamos também dar atenção ao que fazem. Nessa semana, vou procurar e ver o que aqueles em quem votei, estão fazendo de projetos. Vou postar aqui. Faça o mesmo.
2) Na próxima vez que for votar, busque informações sobre o seu candidato. Veja quais são os seus projetos. Se ele for a favor da reforma política, vote nele. É o único meio de haver mudanças.
3) Vote em pessoas novas. Nunca vote em quem está há muito tempo na política. Ser político não é uma carreira. Um cidadão pessoa não deve "ser" um político, mas "estar" um político.
4) Se puder, converse com seu candidato pessoalmente. Não é tão difícil como parece.
5) Mande e-mails para qualquer um que recebeu o seu voto. Se tiver alguma passeata, algum evento, se puder, assista, participe. E me convide.

Renan, mais uma vez, eu canto pra você.

"Deixe em paz meu coração
Que ele é um pote até aqui de mágoa
E qualquer desatenção, faça não
Pode ser a gota d'água"